quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

HUMOR À ENSITEL

Blogues, Twitter e Ensitel


POR: Helena Garrido, in Jornal de Negócios

É o exemplo português do abalo que as redes sociais podem provocar, que expõe um novo mundo para as empresas e a falta de protecção dos consumidores portugueses.
A Ensitel, que vende equipamentos de telecomunicações, está há dois dias a ser alvo de violentas críticas no Twitter e no Facebook. O epicentro do terramoto é um cliente.

A história remonta a Fevereiro de 2009. Tudo se resume à queixa de uma cliente com um telemóvel - comprado poucas semanas antes - que a Ensitel se recusou a trocar. A cliente, que vai partilhando a história no seu blogue, não desiste e leva o processo até aos tribunais, onde perde. Há uma semana, dia 22 de Dezembro, fica a saber que está a ser processada pela Ensitel. O que quer a empresa? Que a cliente apague os "posts" que escreveu sobre o assunto no seu blogue. E é a partir daqui que o tema se torna viral. Ensitel é a palavra mais usada na comunidade portuguesa no Twitter há pelo menos dois dias e a página da marca no Facebook está recheada de críticas e insultos que, numa primeira fase, a empresa tentou apagar, acabando por desistir de o fazer. O tema chegou ontem aos sites dos jornais e às televisões, e hoje pode ser lido também na edição em papel do Negócios.

Neste mundo novo que todos estamos a desbravar é possível retirar três grande lições do caso Ensitel:

1. Os consumidores portugueses estão muito desprotegidos. Todo o processo que é contado pela cliente no seu blogue (jonasnuts.com) revela um sistema construído para desincentivar o consumidor a defender os seus direitos. Só uma pessoa persistente e paciente leva o caso até ao fim. Seguindo a descrição da blogger/cliente Maria João Nogueira - que a empresa nem ontem desmentiu -, a Ensitel já tinha acumulado várias reclamações sem que nada lhe tivesse acontecido. O processo foi seguindo com cartas e reclamações para a empresa, para a ASAE e para o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo, onde o juiz decidiu que o telemóvel deveria ser entregue à Ensitel para ser arranjado sem querer conhecer o estado em que estava. Ou seja, a empresa não foi obrigada a dar à cliente um novo equipamento. Depois de percorrido o longo caminho do direito do consumidor, o consumidor vê-se sem o direito que lhe é dado pela garantia do equipamento. Não é assim que se criam empresas competitivas.

2. As empresas estão demasiado protegidas. A Ensitel sentiu-se suficientemente poderosa para ir a tribunal solicitar que fossem apagados os "posts" da cliente no seu blogue pessoal. Sentiu-se poderosa o suficiente para interferir na vida pessoal de uma pessoa com quem teve um conflito. É bem revelador da desproporção que existe entre os poderes dos consumidores e de (algumas) empresas.

3. As redes sociais como armas de equilíbrio ou de destruição. Paulo Querido e Alda Telles analisam o caso, nos seus respectivos blogues, em perspectivas diferentes, um mais na óptica do jornalismo, outro na visão da comunicação empresarial. Vale a pena lê-los. Redes como o Twitter e o Facebook mudaram o mundo de forma multivariável e numa dimensão que não se consegue ainda racionalizar. As empresas, pelo caso Ensitel, vêem como podem ser violentamente danificadas na sua reputação por cometerem o mais pequeno erro com um cliente. Os consumidores ganham poder. Na narrativa da teoria económica, a rede pode produzir maior equilíbrio nos poderes de consumidores e de produtores gerando uma concorrência menos imperfeita. Ganhamos em eficiência mas podemos perder em equidade. Quem não está na rede ou na rede certa continuará desprotegido. Como quem não tinha no passado os contactos certos. A justiça continuará a fazer muita falta.

helenagarrido@negocios.pt

ENSITEL - a revolta dos clientes

Como um "post" num blogue
se transforma numa acção em tribunal


A Ensitel, loja de telecomunicações, decidiu avançar com uma providência cautelar contra uma "blogger", com o objectivo de que esta retire do seu blogue os "posts" críticos sobre a actuação da empresa.
Resultado: ontem, começou uma "guerra" aberta nas redes sociais e a história foi disseminada por todos os meios, com efeitos imprevisíveis para a imagem da empresa. Há quase dois anos, quando Maria João Nogueira colocou o primeiro "post" no seu blogue "Jonasnuts", sobre uma queixa sua junto da loja Ensitel - acerca do funcionamento defeituoso de um telemóvel -, provavelmente não imaginaria as repercussões que este teria um ano depois.

Na semana passada, Maria João foi surpreendida: "Recebi no dia 22 de Dezembro uma intimação do tribunal, no sentido de constituir advogado e dar os meus argumentos". A "blogger" admitiu, em declarações ao Negócios, que "toda esta situação apanhou-me de surpresa, afinal de contas trata-se de um tema ao qual eu já não dedicava qualquer atenção há quase dois anos".
- in Jornal de Negócios




Nota: Pode acompanhar toda a história através do blog http://jonasnuts.com/387191.html


A revolta dos leitores com a Ensitel:

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Schoolhouse inaugura novas instalações em Viseu


Foi inaugurada em Viseu a sede do Grupo SchoolHouse.

O novo espaço localiza-se na Avenida Alberto Sampaio, nº 130, 1º, em Viseu.

Fotogaleria: Schoolhouse - inauguração novas instalações