segunda-feira, 1 de março de 2010

opinião


Dar o dito por não dito
Por: Almeida Henriques
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A reunião da Assembleia Municipal de Viseu ficou marcada pelo debate sobre o encerramento da 2ª. Repartição de Finanças de Viseu, com a aprovação de duas moções no mesmo sentido, evitar a consumação desta vontade do Governo.

Ficou bem patente o embaraço da bancada socialista, que há três meses afirmava peremptoriamente que este assunto não estava na agenda política, vendo-se agora na contingência de dar o dito por não dito.

Não se percebe que o Secretário de Estado da Administração Local venha dizer que não concorda com uma decisão do Governo de qual faz parte, devia ter actuado por antecipação, embora ainda vá a tempo, aplaudiremos um recuo do Governo nesta matéria.

Mas, pelos vistos, está na moda dar o dito por não dito, já não é um exclusivo do líder socialista no distrito ou do ex Governador Civil, agora Deputado, também o Secretário de Estado do Comércio vem dizer que não percebe a polémica das suas palavras sobre a deslocalização da Loja do Cidadão.

Afinal de contas, o que disse foi só um “exercício teórico” divorciado da realidade, tratava-se de abordar a necessidade de existirem “âncoras” no centro histórico, deu o exemplo da loja do cidadão como poderia ter dado o da “Zara”.

Irresponsabilidade a mais, também cansa!

Afinal de contas, quando um membro do Governo fala, deve faze-lo em nome do colectivo que é o Executivo que trata dos destinos da Nação, não estamos a falar de uma qualquer conversa de café ou de um cidadão comum que exprime as suas opiniões, mas sim de declarações que criam justas expectativas.

Várias vezes tenho afirmado, em artigos e intervenções no Parlamento, que o Governo não entende o que se passa no comércio de proximidade e nos Pólos Urbanos, este membro do executivo diz os maiores disparates com ar de quem está a fazer uma declaração solene da qual depende o futuro do País.

Foi irresponsável ao criar expectativas da deslocalização da Loja do Cidadão, como está a ser quando persiste num remédio, o Modcom, que não cura o doente.

Veio a Viseu reafirmar o que tem dito, o Modcom, sistema de incentivos ao comércio, é um sucesso e é lançada uma nova linha.

Mais uma vez a pontaria está errada, de que serve incentivar o comerciante a efectuar obras de remodelação e modernização do estabelecimento, investindo mais dinheiro, quando o problema é a falta de movimento nos centros históricos e falta de clientes que entrem nas lojas?

Tenho afirmado que é o “MorreCom” pois o comerciante, ao efectuar o investimento, morre mais depressa, pois tem que pagar as despesas que efectuou sem ter garantias que o seu movimento e facturação vão aumentar.

Faria mais sentido criar um Fundo que permitisse uma “task force” entre comerciantes, Associação Comercial, Governo e Autarquia, que permitisse criar uma dinâmica de Centro Comercial de Céu Aberto, com modernização de lojas, criação de âncoras (como a Zara ou a Loja do Cidadão), dinâmicas colectivas que permitissem concorrer com as outras superfícies existentes.

Ao invés, o Secretário de Estado do Comércio anda há cinco anos a lançar o Modcom 1, 2, 3, 4 e agora o 5, uma aspirina que nem faz mal nem faz bem, não percebendo que o doente, o comércio tradicional ou de proximidade, precisa de um tratamento de choque que passa pelos cuidados intensivos, antibiótico e medicação adequada.

Triste figura veio fazer a Viseu, dar o dito por não dito a propósito da Loja do Cidadão e trazer uma mão cheia de nada para o comércio de proximidade, com a voz crítica e clarividente do Presidente da Associação Comercial e com o “coro” politicamente correcto do Governador Civil.

Quando não se tem imaginação e não se aplicam as politicas correctas, o importante é fazer de contas que se está a governar e a resolver os problemas, é triste mas é verdade.

*António Almeida Henriques Deputado do PSD

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