Depois do anúncio das agências de rating de abaixamento da cotação da divida portuguesa, na passada semana, Teixeira dos Santos, ministro das Finanças do Governo português, informou os portugueses de que iria ser feita uma reavaliação dos projectos de grande investimento público, de modo a “aliviar os encargos financeiros do Estado”. Apesar das sugestões da oposição e dos avisos do Presidente da República, o Governo decidiu manter os projectos do TGV Lisboa-Madrid e do novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete. O projecto Auto-Estradas do Centro, cujo concurso se encontra em fase de adjudicação, foi parcialmente suspenso. Apenas a ligação Coimbra-Viseu (que fará passar o IP3 a norte do Bussaco) se mantém por ser considerada prioritária. A ligação do IC2 da Mealhada a Águeda ficará para outra oportunidade.
O concelho da Mealhada terá motivos para não se sentir completamente frustrado com a suspensão parcial do projecto Auto-Estradas do Centro que promete uma revolução total no panorama rodoviário regional e concelhio. Se por um lado é verdade que a ligação do IC2 da Mealhada até Águeda ficará adiada, por outro fica garantida a construção de uma nova estrada desde Trouxemil, em Coimbra, até à zona da Cova da Areia que, depois, inflectirá para o interior, passando a norte do Bussaco em direcção a Mortágua e, depois, a Viseu, encurtando distância de modo muito significativo. A nova via, que se pensa retirar o trânsito pesado do centro da cidade da Mealhada, não estará, assim, em perigo.
Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, ao Jornal da Mealhada, afirmou: “A ligação mais importante mantém-se. È uma via muito importante, fundamental para a região e para alguns concelhos que estão pessimamente servidos”. “Reconheço que é preciso poupar e fico satisfeito que o Governo tenha sabido dar prioridade a uma via que é perfeitamente essencial para a região”, prosseguiu Cabral, que acrescentou: “Estou muito satisfeito”. Relativamente à suspensão da ligação do IC2 da Mealhada a Águeda, Carlos Cabral asseverou: “Nada está perdido, a obra só foi adiada, nada mais do que isso!”.
Os autarcas cujos concelhos estão abrangidos pelos benefícios desta obra mostraram-se, global e genericamente, solidários. Ouviram-se apenas criticas de abandono do interior da parte de alguns. Afonso Abrantes, presidente da Câmara de Mortágua, mostrou-se agradado pela decisão, mas muito reticente. “Falei com o secretário de Estado que me garantiu que a intenção do Governo é prosseguir com esta obra. Assim espero. Mas também sei que o que é verdade hoje já não é amanhã, e já vi muitos avanços e recuos em todo este processo”, afirmou Abrantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário