sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ferreira leite só convoca directas depois do orçamento


Manuela Ferreira Leite anunciou ontem que vai convocar um novo Conselho Nacional para depois da discussão do Orçamento do Estado para 2010. Ordem de trabalhos: marcação de eleições directas para a sua sucessão na liderança do PSD. Já Passos Coelho assumiu que é preciso começar a mudar e vinculou a actual direcção ao mau resultado das eleições legislativas de 27 de Setembro. O pré-candidato espera agora um rival

Manuela Ferreira Leite garantiu ontem ao Conselho Nacional que vai convocar eleições internas para a liderança do partido após a discussão do Orçamento do Estado para 2010, que deverá decorrer no primeiro trimestre do próximo ano.

O seu principal adversário e único candidato assumido à liderança falou logo a seguir e advertiu a direcção social-democrata que vai esperar pela marcação das directas. Pedro Passos Coelho deixou ainda subentendido que o processo de renovação de via ser mais rápido ao disparar com o "o pior cego é o que não quer ver". À hora do fecho desta edição, o conselheiro nacional ainda discursava e já uma bateria de inscrições para novas intervenções aguardava na mesa daquele órgão. Mas poucos membros da Comissão Política Nacional quiseram falar após a líder

À entrada para o Conselho Nacional, Passos Coelho disse esperar que a reunião fosse "um ponto alto na fase má em que estamos e que seja um ponto de orientação e clarificador". Questionado sobre se ia reivindicar eleições directas no partido, Passos frisou que cabe a "Manuela Ferreira Leite e à direcção dizer a primeira palavra sobre o assunto". Pouco depois sentou-se na primeira fila, quase em frente à líder do PSD, ladeado por Miguel Relvas e António Nogueira Leite.

O Conselho Nacional foi muito concorrido. A direcção nacional compareceu em peso, incluindo o primeiro vice-presidente de Ferreira Leite, Rui Rio. O grande ausente, até à hora de fecho desta edição, foi o eurodeputado Paulo Rangel, que é visto como um potencial futuro candidato à liderança social-democrata. Talvez porque soubesse que após reunião seria mais calma, depois de Ferreira Leite satisfazer a pressão dos seus opositores para esclarecer o momento em que tenciona abrir o processo de sucessão.

Só Pedro Passos Coelho prestou declarações aos jornalistas à chegada. Outros notáveis do partido, como José Luís Arnaut, Nuno Morais Sarmento, Mota Amaral, Rui Machete e os líderes das distritais de Lisboa e do Porto, respectivamente, Carlos Carreiras e Marco António Costa entraram discretos no CN e alguns deles preparavam-se para intervir.

Lá dentro, o principal adversário dactual direcção do PSD afirmou que é "preciso começar a mudar" e preparou uma "radiografia" dos erros cometidos que explicam como o partido chegou aos 29% nas legislativas, quando exstiu a perspectiva política de conquistar o poder ao PS de José Sócrates. Na sua opinião, "é mau sinal" se a ambição do PSD é ficar neste patamar.

Outras vozes críticas da actual lidrança, incluindo as dos presidentes das distritais de Lisboa e Porto, respectivamente Carlos Carreiras e Marco António Costa, preparavam intervenções críticas durante a noite e madrugada, numa reunião que prometia, no rescaldo do ciclo eleitoral, ser muito acesa.

Durante a manhã, Manuela Ferreira Leite disse esperar uma reunião "pacífica". Mas a acalmia dependia muito do que tivesse para dizer aos conselheiros nacionais que esperavam uma palavra sobre o futuro da liderança.

O DN sabe que a questão da futura presidência da Asssociação Nacional de Municípios, que tem sido liderada pelo presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, também era um dos assuntos a ser levantado no CN. Isto porque, o próprio Ruas, que foi mandatário nacional de Pedro Passos Coelho nas directas de 2007, se queixou que esperava "um sinal" da liderança do partido para avançar. O sinal, pelos vistos, não foi dado.

por: PAULA SÁ in "DN"

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