Manuela Ferreira Leite anunciou ontem que vai convocar um novo Conselho Nacional para depois da discussão do Orçamento do Estado para 2010. Ordem de trabalhos: marcação de eleições directas para a sua sucessão na liderança do PSD. Já Passos Coelho assumiu que é preciso começar a mudar e vinculou a actual direcção ao mau resultado das eleições legislativas de 27 de Setembro. O pré-candidato espera agora um rival
Manuela Ferreira Leite garantiu ontem ao Conselho Nacional que vai convocar eleições internas para a liderança do partido após a discussão do Orçamento do Estado para 2010, que deverá decorrer no primeiro trimestre do próximo ano.
O seu principal adversário e único candidato assumido à liderança falou logo a seguir e advertiu a direcção social-democrata que vai esperar pela marcação das directas. Pedro Passos Coelho deixou ainda subentendido que o processo de renovação de via ser mais rápido ao disparar com o "o pior cego é o que não quer ver". À hora do fecho desta edição, o conselheiro nacional ainda discursava e já uma bateria de inscrições para novas intervenções aguardava na mesa daquele órgão. Mas poucos membros da Comissão Política Nacional quiseram falar após a líder
À entrada para o Conselho Nacional, Passos Coelho disse esperar que a reunião fosse "um ponto alto na fase má em que estamos e que seja um ponto de orientação e clarificador". Questionado sobre se ia reivindicar eleições directas no partido, Passos frisou que cabe a "Manuela Ferreira Leite e à direcção dizer a primeira palavra sobre o assunto". Pouco depois sentou-se na primeira fila, quase em frente à líder do PSD, ladeado por Miguel Relvas e António Nogueira Leite.
O Conselho Nacional foi muito concorrido. A direcção nacional compareceu em peso, incluindo o primeiro vice-presidente de Ferreira Leite, Rui Rio. O grande ausente, até à hora de fecho desta edição, foi o eurodeputado Paulo Rangel, que é visto como um potencial futuro candidato à liderança social-democrata. Talvez porque soubesse que após reunião seria mais calma, depois de Ferreira Leite satisfazer a pressão dos seus opositores para esclarecer o momento em que tenciona abrir o processo de sucessão.
Só Pedro Passos Coelho prestou declarações aos jornalistas à chegada. Outros notáveis do partido, como José Luís Arnaut, Nuno Morais Sarmento, Mota Amaral, Rui Machete e os líderes das distritais de Lisboa e do Porto, respectivamente, Carlos Carreiras e Marco António Costa entraram discretos no CN e alguns deles preparavam-se para intervir.
Lá dentro, o principal adversário dactual direcção do PSD afirmou que é "preciso começar a mudar" e preparou uma "radiografia" dos erros cometidos que explicam como o partido chegou aos 29% nas legislativas, quando exstiu a perspectiva política de conquistar o poder ao PS de José Sócrates. Na sua opinião, "é mau sinal" se a ambição do PSD é ficar neste patamar.
Outras vozes críticas da actual lidrança, incluindo as dos presidentes das distritais de Lisboa e Porto, respectivamente Carlos Carreiras e Marco António Costa, preparavam intervenções críticas durante a noite e madrugada, numa reunião que prometia, no rescaldo do ciclo eleitoral, ser muito acesa.
Durante a manhã, Manuela Ferreira Leite disse esperar uma reunião "pacífica". Mas a acalmia dependia muito do que tivesse para dizer aos conselheiros nacionais que esperavam uma palavra sobre o futuro da liderança.
O DN sabe que a questão da futura presidência da Asssociação Nacional de Municípios, que tem sido liderada pelo presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, também era um dos assuntos a ser levantado no CN. Isto porque, o próprio Ruas, que foi mandatário nacional de Pedro Passos Coelho nas directas de 2007, se queixou que esperava "um sinal" da liderança do partido para avançar. O sinal, pelos vistos, não foi dado.
por: PAULA SÁ in "DN"
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