quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Rapaz mordido por víbora infiltrada no recreio escolar


Aluno do 8.º ano da EBI de Campia
esteve cinco dias internado
no hospital de Viseu

POR: TERESA CARDOSO in "JN"
Um rapaz de 14 anos, aluno da Escola Básica Integrada de Campia, Vouzela, foi mordido no indicador direito por uma víbora que tentava esconder-se no esgoto de águas pluviais do recreio escolar. Esteve cinco dias hospitalizado.

Conduzido pelo pai ao Hospital Central de S. Teotónio, em Viseu, após uma breve passagem pelo centro de saúde de Vouzela, o estudante acabou por ser assistido em tempo recorde.

"A assistência pronta foi decisiva", reconhece a mãe, Arminda Neves, que diz ter sabido mais tarde, junto do corpo clínico, que o filho tinha sido atacado por um réptil, potencialmente perigoso, conhecido por "víbora europeia".

"Disseram-me que a mordidela podia ter consequências graves se o meu filho não tivesse sido imediatamente socorrido. O braço começou a inchar e até se pensou em operá-lo. Tivemos muita sorte. Os medicamentos foram suficientes", relata a mãe do rapaz ainda mal refeita do susto.

Tudo aconteceu na passada quinta-feira, faz amanhã oito dias, quando o aluno, que acabava de sair das aulas para o intervalo do almoço, não resistiu à tentação de pegar no pequeno réptil que se esgueirava por entre as grades de um esgoto de águas pluviais.

"O aluno agarrou-o pelo rabo e foi mordido. Ao que me contaram, a curiosidade foi mais forte que os conselhos que lhe deram, inclusive de uma colega. No fim, ainda o conseguiu matar", relata Glória Carvalho, presidente do conselho executivo da EBI de Campia.

Caso inédito na escola

A docente reconhece que o facto de o dedo do miúdo ter começado a inchar rapidamente, causou algum alarme. "Ficámos preocupados e chamámos logo o 112. Mas acabou por ser o pai, alertado para a situação, a levá-lo ao hospital".

Glória Carvalho assevera que em 11 anos de funcionamento da EBI de Campia, e pese embora o facto do seu isolamento e localização em meio rural, foi a primeira vez que se viu uma cobra no recreio.

"Aparecem aqui ouriços, toupeiras, sardaniscas, gatos e até perdizes. Uma situação natural já que estamos rodeados de mato e pinhal. Mas uma cobra é mesmo inédito", garante a professora.
A víbora tinha 20 centímetros de comprimento e a cabeça em forma de triângulo. "Nesta altura já devia estar a hibernar. Mas com as alterações climatéricas, deve ter-se perdido e andava desorientada. Atacou ao ser atacada", acrescenta Glória Carvalho.

Aluno quer ser biólogo

A docente justifica a inexistência em Vouzela de um plano e de antídotos para neutralizar as mordidelas destes répteis, com o facto de não haver notícia de cobras venenosas na região.

"Apesar disso, passámos a escola a pente fino e não descobrimos mais nenhum. Vamos aproveitar este incidente para uma acção pedagógica no Clube da Natureza", anuncia.

Já em casa e de regresso às aulas, depois de ter escapado a uma intervenção cirúrgica ao braço direito, o aluno promete vingança.

"Não aprende. Diz que quando apanhar uma cobra vai vingar-se", sorri a mãe, agora mais descansada, enquanto revela o gosto que o filho tem por bichos e a vontade de um dia ser biólogo.

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