quarta-feira, 3 de junho de 2009

Matosinhos: Já tinha assassinado a filha e dizia que estava no trânsito


Mentiu cinco horas
João Pinto asfixiou a filha com o cinto de um roupão por volta das 18h00 da última quinta-feira, dentro do seu apartamento, em Matosinhos – e nas cinco horas seguintes foi justificando à ex-mulher o atraso em entregar a menina, marcado para as 21h00. Nas várias mensagens e telefonemas manteve a normalidade e a calma. Ao fim de cinco horas, deu o primeiro sinal de que tinha assassinado Maria João, de sete anos.

Enquanto João Pinto concretizava a premeditada morte da filha, a mãe e as irmãs de Maria João estavam em passeio pelo centro da Maia, a fazer horas para o pai a levar a casa, em Gueifães. "Pouco antes das 21h00, a hora a que devia entregar a filha, João enviou um SMS por telemóvel a dizer que estava atrasado e que só chegava lá para as dez", contou a mãe da criança. Rosa Maria aceitou o atraso, pensando que João Pinto queria apenas estar mais algum tempo com a menina, uma vez que, segundo dissera, ia trabalhar para o Algarve durante 15 dias.

Por volta das 22h00, enviou outra mensagem a dizer que já estava a caminho, mas que tinha ficado preso no trânsito devido a um acidente. A ex-mulher acreditou. Pouco depois, voltou a comunicar com Rosa, dizendo que o trânsito já estava a melhorar. Nesta altura a mãe de Maria João já estava irritada com a demora porque, àquela hora, a menina já deveria estar a dormir.

Sandra, irmã mais velha de Maria João, telefonou a João Pinto para o apressar e sossegar a mãe. "Ele falou comigo normalmente, repetindo que se tinha atrasado mais por causa de um acidente."
Os minutos passaram e a mensagem macabra entrou no telemóvel de Rosa. "A nossa filha descansa, está com os anjos." Em pânico, Rosa ligou a João para saber da filha. "Está no apartamento com a polícia", disse ele. Segundo a família, foi só neste momento que João Pinto se manifestou alterado e com a voz embargada. Os contactos seguintes já foram com a polícia. Entregou-se pelas cinco da manhã.

PORMENORES
VISITAS AO PAI
A mãe tinha a custódia da filha mas pai e filha estavam juntos sempre que ambos o desejavam.
QUINTA-FEIRA
Foi um pedido inesperado para jantar com a filha. João alegou que ia partir para o Algarve no dia seguinte.
DIVÓRCIO
Foi Rosa quem pediu o divorcio, há dois anos. João assinou os papéis, mas nunca chegou a sair de casa.
JANEIRO
Foi o mês decisivo. Rosa deixou a casa de S. Mamede e alugou outra em Gueifães. Levou as filhas.
DESPEDIMENTO
João despediu-se da empresa. Terá iniciado nessa altura o plano de vingança contra a ex-mulher.
NAMORADAS
Nos últimos meses teve várias relações amorosas de curta duração. Disse à família estar fora do país.

Por Manuela Teixeira in "CM"

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