domingo, 11 de janeiro de 2009

Passageiros viajam de metro sem calças

Apesar de o frio bater mínimos históricos, na tarde de sábado foi possível encontrar várias pessoas a viajar no metro de Lisboa sem calças. Numa acção “espontânea”, com estratégia delineada minutos antes da entrada na estação de Telheiras, vários jovens cumpriram a versão portuguesa da missão “No pants”, à semelhança do que aconteceu em Nova Iorque em 2002.

Viajar de cuecas no Metro perante o espanto do povo

por: CRISTIANO PEREIRA in "JN"

Lisboa, dois graus centígrados, o Norte do país coberto de branco, a população a tremelicar de frio. Mas na cabeça de 30 e tal jovens ocorre a ideia de despir as calças e andar de metro em cuecas perante o pasmo da plebe.

A concentração deu-se ao início da tarde de ontem, num jardim de Telheiras. Apareceram cerca de três dezenas de jovens na casa dos 20 anos e jornalistas curiosos para ver no que aquilo dava.
Há dias que pela blogosfera o grupo ImprovLisboa divulgava a acção "No Pants!", uma iniciativa que todos os anos decorre em várias cidades do planeta.

Em que raio consiste isso? Muito simples: uma trupe de malta invade o metro e, uma vez dentro da carruagens, despe as calças para prosseguir o resto da viagem em cuecas e boxer shorts. E a que propósito?

Ninguém sabe muito bem - mas, pelos vistos, pretende-se tão pura e somente agitar a pasmaceira e a rotina e semear a incredulidade na população que assiste.

O Improvlisboa é um grupo de jovens que outrora já fez furor ao desatar à porrada com almofadas na Alameda. Ontem, antes de entrada na estação de metro do Campo Grande, um dos seus rapazes debitou umas palavras ao megafone, deu instruções aos seus companheiros e pediu aos jornalistas para não incomodarem aquilo a que ele designou, atenção, "a nossa missão". Ora.
Na plataforma da estação de metro do Campo Grande a presença da polícia não passou despercebida. Não fosse aquilo dar para o torto, os agentes da autoridade também entraram, aos pares, em cada uma das carruagens invadidas pelo grupo já distribuído (e ainda em calças). Só depois do metro arrancar é que cada um deles levou a mão ao fecho das calças (os jovens, não os polícias) e, com o ar mais natural do mundo, despiram as ditas permanecendo em roupa interior - alguns dos boxers shorts eram de gosto duvidoso, sublinhe-se.

Ao lado do JN viajavam três raparigas de ascendência africana em amena cavaqueira na nossa língua. Mas quando vislumbraram um moço a despir as calças mesmo ali ao lado desataram logo a falar num crioulo condimentado por risos agudos.
"Você acha normal?", indignou-se, já noutra carruagem, uma senhora idosa que exteriorizava a sua indignação para um passageiro sentado ao seu lado - e o homem, esforçando-se por controlar o riso, tentava acalmar a senhora com um apaziguador "desde que ninguém se magoe". Normal?
"É da maior normalidade", comentou, por seu turno, Cleidiana Rocha, estudante de 19 anos vinda de Santo António dos Cavaleiros, deixando o repórter na dúvida: "Desculpe, você disse normalidade ou anormalidade?".
"Saloios! Nunca viram?", protestou outra senhora contra o povo que mirava os desnudos na estação de metro do Rossio, depois de se sentir, ela também, bastante observada por estar sentada junto deles. "Cada um anda como quer!", afirmou, antes de nos assegurar que os jovens "de certeza que saíram agora de um jogo de futebol".

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