Um painel de frescos com a coroação da Virgem Maria foi encontrado no interior da capela de S. Marcos, na freguesia de Fonte Arcadinha, Aguiar da Beira, disse hoje à Lusa fonte da Diocese de Viseu.
Segundo Fátima Eusébio, historiadora do Departamento de Cultura da Diocese de Viseu, a pintura foi descoberta pelos técnicos que procedem ao restauro do interior da capela, admitindo que possa datar "do século XVI".
Segundo Fátima Eusébio, historiadora do Departamento de Cultura da Diocese de Viseu, a pintura foi descoberta pelos técnicos que procedem ao restauro do interior da capela, admitindo que possa datar "do século XVI".
"Só depois de limpa poderemos fazer a avaliação mais concreta", adiantou à Lusa, referindo que "é uma descoberta muito interessante pela sua raridade, porque nos séculos XV e XVI era frequente a colocação de pintura fresco para a valorização dos altares".
A historiadora contou que a partir do séc. XVII "esse recurso decorativo caiu em desuso e a maior parte dos frescos desapareceu. Na Diocese de Viseu foram todos retirados, alguns substituídos e só temos dois ou três exemplares desse período".
No caso do fresco encontrado na capela de S. Marcos, em Aguiar da Beira, distrito da Guarda, a historiadora disse tratar-se de "um conjunto interessante porque está praticamente completo no tema central: a coroação da Virgem".
"Está muito sujo mas o tema e as figuras representadas são perfeitamente perceptíveis", explicou, acrescentando que "até é surpreendente a forma como ele se conservou, porque trata-se de uma capela pequenina e a sua raridade dá-lhe um carácter único".
"Tem a Virgem ao centro e, num primeiro registo, é ladeada por dois anjos músicos. Num segundo registo, temos dois anjos voantes que têm a coroa que está posicionada sobre a cabeça da Virgem e, num terceiro registo, surgem representações arquitectónicas", descreveu.
Segundo a responsável, a pintura que terá cerca de 2,5 metros de altura por cerca de dois metros de largura, "é policromática, embora predomine o tom de castanho, mas tem outras cores, nomeadamente o azul, nas vestes da Virgem".
"É uma obra que vai valorizar e enriquecer extraordinariamente o património da Diocese de Viseu e poderá ser mais um interesse [de atracção turística] para Aguiar da Beira", defendeu.
Fátima Eusébio referiu que a pintura denota "uma produção mais provincial mas de uma extrema riqueza", daí que seja necessário "arranjar os recursos financeiros para a limpar e conservar".
A historiadora considerou que "a Diocese não tem recursos para intervir" mas espera que "haja boa vontade por parte da Câmara Municipal de Aguiar da Beira" a quem vai ser solicitado esse apoio.
"A Comissão da capela estará receptiva" à realização de obras de conservação, disse, defendendo que após o estudo e restauro do fresco, o retábulo em madeira deva ser colocado no sítio onde estava "mas deixando o distanciamento necessário para deixar ver aquela obra".
Os trabalhos de restauro da capela de S. Marcos foram iniciados, recentemente, pela empresa de Viana do Castelo - Atelier Samthiago, cujo gerente, Carlos Costa, disse hoje à Lusa que a pintura foi encontrada quando desmontaram o retábulo datado de meados do séc. XVIII, para reforço e consolidação da sua estrutura.
"O altar cobria por completo a pintura", contou, referindo que "não é muito comum encontrar este género de pintura no Norte e Centro. Aparece mais no Sul do país".
"Para a idade que tem encontra-se em bom estado. Acabou por estar 300 anos abrigada pelo altar", observou, referindo que "tem alguns desgastes e algumas bolhas de ar no estuque, mas não é nada que não se resolva facilmente".
Na freguesia de Fonte Arcadinha a descoberta foi recebida com "grande satisfação" pelos habitantes, como contou Manuel Santos, elemento da Fábrica da Igreja local.
"As pessoas nem sabem o valor que aquilo tem mas estão contentes em ver aquilo", disse.
Manuel Santos afirmou que "o povo está todo satisfeito" admitindo que a descoberta "é provável que dê progresso à nossa freguesia".
Manuel Santos adiantou que, na festa de S. Marcos, agendada para dia 25 de Abril, já "gostava de ver as obras concluídas para as pessoas verem a riqueza que ali temos".
Fonte: ASR. - Lusa/Fim
Sem comentários:
Enviar um comentário