sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tribunal de júri julga homicídio de ex-marido



Por: TERESA CARDOSO in "JN"


O MP pediu uma pena de 18 a 19 anos para a mulher acusada de, no ano passado, com dois cúmplices, ter mandado matar o ex-marido. A decisão caberá, pela primeira vez em Viseu, a colectivo com jurados.


Com o objectivo de tornar mais clara a matéria de facto em apreciação, perante um tribunal que pela primeira vez tem a participação de jurados, o procurador do Ministério Público (MP) foi exaustivo: as alegações finais levaram quase duas horas.


No fim da sua exposição, o procurador apontou uma pena que, repartida pelos três arguidos, poderá chegar até aos 42 anos de cadeia. A mais pesada, entre 18 e 19 anos, para a mulher acusada de mandar matar o marido, de quem estava a divorciar-se, com dois tiros de zagalote. António Leitão foi assassinado a 4 de Fevereiro de 2008 quando regressava à quinta, em Tondelinha, Viseu, da qual era feitor. À sua espera estaria um trabalhador da mesma casa rural, munido de uma caçadeira, que alegadamente, a pedido da mulher, fez sobre ele dois disparos mortais.


O MP considerou que o crime de "homicídio qualificado" foi consumado com "especial perversidade" pelos três actores: M.S., a mulher, considerada sua "instigadora e autora" (para quem pede entre 18 e 19 anos de cadeia); A.F., um trabalhador da quinta, que terá esperado uma hora pela chegada do feitor, com quem mantinha alguns diferendos, para o matar (pena de 15 anos) ; e M.C., também jornaleiro, que arranjou a arma e as munições (oito anos).


Razões passionais


Na origem do crime estarão razões de ordem passional. Segundo a acusação do M.P., a principal arguida, mulher do feitor da quinta de Tondelinha, nunca se terá conformado com uma alegada infidelidade por parte do marido. Esse facto, associado ao receio de perder para uma rival os bens obtidos durante anos de vida em comum, terão levado M. S. a decidir, com ajuda dos cúmplices, assassinar o marido.


Durante as sessões de julgamento, MS remeteu-se sempre ao silêncio. Ontem voltou a fazê-lo. Mesmo quando a presidente do colectivo lhe perguntou se pretendia dar alguns pormenores da sua situação familiar.


As alegações finais da defesa dos arguidos irão prosseguir no próximo dia 16.


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