terça-feira, 30 de dezembro de 2008

CRIME (cont.)

Procuradoria: Pinto Monteiro lembra ao CM conselho dado a magistrados



Prisão do assassino já não
pode ser aplicada

A decisão de uma procuradora adjunta em ordenar a prisão domiciliária para o cadastrado que está indiciado pelo roubo e homicídio qualificado da agente imobiliária de Viseu, degolada pelo assaltante, não pode ser alterada pela Procuradoria Geral da República. Agora só poderá ser reavaliada se a PJ reunir novas provas, podendo a medida de coacção actual, com o suspeito em casa, prolongar-se durante anos.




Pinto Monteiro garantiu ao CM desconhecer este caso em concreto e a qualidade dos indícios analisados pela magistrada de Viseu, mas lembra existir uma "norma" que aconselha os magistrados a requererem a medida de coacção mais gravosa em caso de crimes graves – prisão preventiva. "Há uma norma, mas existe uma margem de escolha. E presume-se que, no caso indicado, o magistrado deve ter proposto a medida que entendeu correcta", diz o PGR ao CM.

Quanto a José Manageiro, presidente da Associação Profissional da Guarda, diz ao nosso jornal que a presença permanente de quatro militares da GNR em redor da casa do suspeito custa ao Estado 300 euros por dia. "Este tipo de situações ficam caras ao contribuinte, já para não falarmos das alterações de serviço que se fazem no posto".

Alfredo Azevedo, 41 anos, estava desempregado e vivia com graves problemas financeiros. No dia do homicídio chegou a casa com 200 euros em notas, o mesmo montante levantado pela vítima horas antes de ser assassinada. À PJ e mesmo perante os indícios, o suspeito negou o crime. Está indiciado por homicídio qualificado e roubo.

DEIXOU DE SER VISTO NO CAFÉ
Alfredo Azevedo, o suspeito do homicídio da promotora imobiliária, tinha por hábito frequentar os cafés de Rio de Loba e Travassós de Cima. No entanto, desde que ocorreu o crime, há duas semanas, terá mudado de hábitos e deixou de ser visto nos estabelecimentos. "Ele vinha cá com alguma frequência e era tratado como sendo da família. A certa altura deixou de cá vir", disse ao CM a funcionária do café.
Alfredo Azevedo dizia por vezes às pessoas que era viúvo, que tinha muito trabalho como pintor de automóveis e que fazia transportes para a zona do Porto.

A verdade é que nos últimos tempos não trabalhava e passava por grandes dificuldades financeiras. "Não lhe são conhecidas actividades paralelas, mas era preciso sustentar uma família e estava desempregado", recorda fonte policial.

"ATÉ PARECE QUE EU SOU ALGUM CRIMINOSO"
O aparato policial e agora também a movimentação de curiosos em redor da casa onde está o suspeito está deixar revoltados os vizinhos, que dizem ter perdido a "tranquilidade". Um vizinho que mantinha "algumas conversas" com o suspeito e a quem "ajudou várias vezes" refere ao CM que a presença da GNR à sua porta o incomoda. "Não durmo como deve de ser e a minha mulher está a ficar doente. Isto incomoda-me porque até parece que sou algum criminoso". E acrescentou: "Nem é justo para a família dele estar a passar por uma coisa destas sem ter culpa alguma. Eu até lá vou ver se precisam de alguma coisa porque eles não têm dinheiro para nada. Fui eu até que lhe dei um saco de batatas para o Natal", recorda.


PORMENORES:

VIATURA INSPECCIONADA
A viatura do suspeito, um Golf, foi ontem alvo de nova perícia nas instalações da PJ de Coimbra. Aguardam-se os exames do Instituto de Medicina Legal.

CASA ARRENDADA
O suspeito reside na casa, agora vigiada pela GNR, há cerca de um ano, por intermédio da vítima, Dulce Moreira. Os proprietários estão emigrados na Suíça.

GUARDAS AO FRIO
Os guardas dizem que o pior é o frio. De noite registam-se temperaturas negativas.

Por: Luís Oliveira / Tânia Laranjo in "CM"

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