quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

GREVE NA EDUCAÇÃO

in correio da beira serra

"Maior greve de sempre, com 95% de adesão"


por: Denisa Sousa, Luís Martins, Luís Oliveira, Helena Silva, Teixeira Correia, Teresa Cardoso e Tiago Rodrigues Alves in "Jornal de Notícias"


(Em actualização) - O "Jornal de Notícias" está “em directo” em várias escolas do país. Os dados apurados até ao momento permitem situar acima dos 80% a adesão à greve dos professores. Os sindicatos falam já em 95%. Nos vários distritos acompanhados, a situação é calma, não há manifestações de apoio ou repúdio, apenas o gáudio de muitos alunos com a confirmação de “um feriado” há muito anunciado.

Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, estima que os números da greve rondem os 95% de adesão. "É um orgulho representar os professores. Podemos já dizer que é a maior greve de sempre", disse, considerando “caricato e absurdo” o argumento do Governo de que a maioria das escolas está aberta.
O Secretário-Geral da Fenprof recusa a acusação de se negarem a negociar. “Queremos uma negociação aberta, não queremos é estar sujeitos à negociação do Governo”, disse Mário Nogueira, em declarações à SIC notícias.


Braga ronda os 95% de adesão
No concelho de Braga, a adesão à greve ultrapassa os 95% e em várias escolas só apareceram ao serviço um ou dois professores. Os estabelecimentos de ensino têm as portas abertas e os serviços mínimos a funcionar, mas por todo o concelho poucas foram as aulas dadas, da parte da manhã. Excepção feita ao Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, onde apareceram quase todos os professores.
Na EB 2,3 Carlos Amarante, apareceram dois docentes, enquanto na Alberto Sampaio alguns professores, sobretudo os mais jovens, apareceram para leccionar mas para um número reduzido de alunos. Nesta escola, os elementos do Conselho Executivo também fizeram greve. No Liceu D. Maria II, o presidente do Conselho Executivo, Vasco Grilo, contabilizou 90% de professores faltosos.
Na EB 2,3 de Lamaçães, com 1500 alunos, só se apresentou um professor de espanhol, numa adesão massiva que deixou os pais com a vida mais complicada. “Compreendo a luta, mas tenho três filhos e não tenho onde os deixar. Vou faltar hoje ao trabalho”, disse ao JN uma mãe que se deslocou à escola para ver se havia aulas.
Parretas, Nogueira, Maximinos, Palmeira ou Nogueira são alguns dos locais onde também não houve aulas nos vários estabelecimentos escolares. Mesmo com o peso da greve em curso, o Conservatório Calouste Gulbenkian registou duas realidades opostas: greve de 100% no primeiro ciclo e de 18% no segundo e terceiro ciclos, bem como no secundário. De 55 docentes, 45 leccionaram.


Professores foram para a praça da Liberdade, no Porto
Na cidade do Porto, a manhã começou negra, chuvosa e sem aulas nos estabelecimentos de ensino visitados pelo JN. Às 8h30, na Escola Carolina Michaelis, os alunos subiam as escadas para poucos minutos depois as descerem já com a notícia de que não teriam aulas. A alegria de uns contrastava com a desilusão de outros. “Adormeci, mas vim à pressa porque amanhã vou ter um exame de História e afinal foi tudo para nada”, afirmou Joana Patrícia. “E não me parece que a professora adie porque ela não é de adiar”, acrescentou. À porta da escola, alheios à forte chuva, muitos alunos reuniam-se e alegremente faziam planos para o resto do dia. “Vamos para o shopping passear”, dizia a grande parte.
Às 9h00, na Escola Secundária Filipa de Vilhena, o cenário era semelhante, com todos os professores do primeiro turno da manhã a aderirem à greve. Durante o tempo que o JN passou à porta da escola apenas um docente entrou nas instalações e fez questão de dizer que vinha mas que não ia dar aulas e estava em greve. Pouco antes, um pai, depois de avisado telefonicamente pelo filho, veio buscá-lo para p levar a casa. “Já sabia e por isso estava de prevenção. Como moro perto, não me custa muito vir cá buscá-lo. Agora, vai passar o dia comigo” afirmou Paulo Sousa, salientando que concorda com as reivindicações dos professores e que dá todo o apoio à greve.
A meio da manhã, cerca de uma centena de professores estava concentrada na praça da Liberdade, no centro do Porto, em sinal de protesto contra o modelo de avaliação.
Viseu entre os 80 e os 90%


Em Viseu, até às 10 horas, segundo um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), estavam já totalmente fechados 24 dos 65 agrupamentos de escolas do Distrito de Viseu. De acordo com a mesma fonte, outros 10 registavam uma adesão entre os 80% (Escola Secundária de Santa Comba Dão) e os 99% (Agrupamento de Escolas de S. João da Pesqueira).
“Os primeiros dados permitem-se afirmar que na prática não há aulas no distrito de Viseu”, avançou ao Jornal de Notícias Francisco Almeida, do SPRC. O dirigente sindical cita vários exemplos para ilustrar a afirmação de paralisação quase total das escolas.

“Em Mangualde há apenas uma professora a dar aulas. A adesão a greve é de 99%. Francisco Almeida lembra ainda que em Cinfães “os 83 professores do 1º ciclo do ensino básico estão todos em greve. Não há um único a trabalhar. Está tudo fechado”.
Na EB 2,3 Infante D. Henrique, em Repeses, Viseu, a ministra da Educação teve direito a uma canção muito especial. Fernando Pereira, o seu autor, fez incidir sobre o refrão a ideia geral da melodia: “está na hora de a ministra ir embora”. O docente assume que se trata de uma forma de “intervenção e protesto”. Uma maneira de mostrar à tutela que “a Educação é a grande riqueza de um país”.


Leiria com média perto dos 90%
Em Leiria, as duas maiores escolas secundárias do distrito registavam uma adesão de 90% (Rodrigues Lobo) e 91% (na Domingos Sequeira), com a greve a paralisar a EB de Marrazes, que encerrou. A Escola Secundária de Pombal registava 93% de adesão, enquanto a Calazans Duarte (87%), na Marinha Grande, parecia ser a que menos aderiu à paralisação.“Sem dúvida que estamso perante a maior greve dos professores desde o 25 de Abril”, disse ao Jornal de Notícias uma fonte do Sindicato dos Professores da Região Centro.


Beja entre os 70 e os 99%
Em Beja, dados apurados directamente junto dos concelhos directivos, mostram alguma dispararidade na adesão à greve. O Agrupamento de Santa Marinha, com sete escolas, estava nos 99%, enquanto nas sete escolas do agrupamento Mário Beirão a greve se situava entre os 60 e os 70%. Pelo meio, 80% na secundária D. Manuel 1º, 86% na Diogo de Gouveia e 90% na Santiago Maior.
“Não faço greve porque sempre estive contra o modelo de avaliação. Mais agora, depois das alterações”, disse Conceição Casanova, uma das professoras da escola Santiago Maior que não aderiram à greve. Na de Santa Maria, Rogério Inácio também não aderiu à paralisação, simplesmente porque não podia: sendo um dos três professores do Curso de Educação e Formação, foi obrigado a leccionar.


Meio milhar nas ruas de Viana do Castelo
Em Viana do Castelo, cerca de 500 professores manifestaram-se na Praça da República. A chuva causou estragos na concentração, com os docentes algo espalhados pela praça, cartão de visita da cidade, mas não afectou a motivação.
“Queremos ser avaliados com seriedade” lia-se em alguns dos cartazes. Outros eram “Por uma escola de rigor e exigência”, com alguns professores a dirigirem os dizeres a Maria de Lurdes Rodrigues: “Senhora Ministra, queremos trabalhar com dignidade”.
A concentração começou às 10 horas na Praça da República, de onde saiu, uma hora depois, para o Governo Civil de Viana do Castelo. Em frente ao palácio, os professores acenaram com lenços brancos e pediram a demissão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Segundo dados apurados pelo JN junto de fonte sindical, a greve situa-se bem acima dos 90%, perto mesmo dos 100%, em todo o distrito de Viana do Castelo.


Guarda perto dos 100%
Os dados preliminares apurados pelo JN, junto de fonte sindical, situam a greve no distrito da Guarda perto dos 100%. Do que foi possível constatar, numa ronda por várias escolas, os professores ficaram reunidos dentro das escolas, sem leccionar. Os alunos aproveitaram o “feriado” anunciado, para gozar a manhã sem aulas, sem manifestações ou confusões.

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