terça-feira, 10 de março de 2009

Mortágua - Investimento de quatro milhões de euros em 2001


A barragem do Lapão, um investimento de quatro milhões de euros no concelho de Mortágua, está "ao abandono" e "sem utilidade".

Por: Amadeu Araújo in "DN"

A barragem, construída em 2001, esteve à beira do colapso em 2003 e desde então permanece vazia, sem segurança e de portões abertos. Entretanto o Governo prepara-se para investir mais quatro milhões de euros numa infra-estrutura cujo preço-base era de pouco mais de 500 mil euros.

A barragem, uma estrutura de terra para fins agrícolas, é propriedade da Direcção Regional de Agricultura do Centro (DRAC) e tem capacidade para 1,375 milhões de metros cúbicos e deveria possibilitar a rega nos 315 hectares da Várzea de Mortágua. Mas logo durante o primeiro enchimento apresentou fissuras no dique. Posteriormente foram verificadas outras anomalias e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) mandou interditar e esvaziar a barragem.

Os produtores florestais do concelho, como Manuel Rodrigues, exigem "saber o que correu mal" e querem "a conclusão do regadio". Certo é que a barragem continua votada ao abandono e "sem segurança", conta Aníbal Gaspar, um morador em Felgueira, nas imediações da barragem. Com "portões abertos e sem guarda, qualquer um ali vai roubar equipamento ou aleijar-se", conclui.Seis anos depois do colapso, que a ameaçou de destruição, "não são conhecidos os responsáveis pelo problema" enquanto "a barragem continua ao abandono", afirma o presidente da Câmara de Mortágua que se mostra "preocupado com o atraso na recuperação" da infra-estrutura. Afonso Abrantes adianta que "a barragem permanece sem serventia e a fazer uma imensa falta aos produtores florestais e agricultores da região".

Em 2004, a DRAC abriu concurso para a reabilitação da barragem. Mas os trabalhos nunca principiaram. Um técnico da Câmara de Mortágua afirmou ao DN que "a reabilitação é tecnicamente mais complicada do que construir uma nova" e questionou "as responsabilidades do empreiteiro numa obra que correu mal". A última visita de um técnico ao local foi em Setembro de 2008. João Marcelino, técnico do LNEC, visitou a barragem e durante o 5.º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia afirmou que "a solução passa por desmontar a parte superior do aterro e reconstruir". A esperança está agora no "Orçamento de Estado que prevê um investimento de dois milhões de euros ainda este ano e outro tanto no próximo", afirma Miguel Ginestal, pre- sidente da Subcomissão Parlamentar de Agricultura, defensor da barragem em Mortágua. O DN tentou, sem sucesso, ouvir Rui Moreira, responsável pela DRAC.

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