segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Trocar folhetos promocionais por 16 euros mensais


Por: Helena T. Silva in "JN"
O apelo parece, à primeira vista, improvável: juntar os folhetos promocionais de super ou hipermercado que recebemos na caixa do correio - ou no café ou no restaurante - e enviá-los para uma empresa que promete dar-lhes uso.
Não só não existe qualquer encargo com os portes de envio, uma vez que a dita empresa entrega previamente envelopes com portes pagos, como dá direito a uma remuneração mensal de 16 euros sem que seja exigido recibo. Cada folheto enviado da Cash & Carry dá direito a seis euros extra. Publicidade enganosa? Não.

"Somos uma pequena empresa multinacional, que se dedica há mais de 10 anos (em Espanha começou em 1993) a recolher folhetos promocionais para investigar o mercado", explicou Adriano Ribeiro, gerente da Solodigital, ao JN. O objectivo, esclarece, é simples: "Criar uma base de dados com todos os produtos que estão em promoção no mercado numa altura em que o mercado promocional, até por causa da crise, é cada vez mais importante. Através de uma aplicação informática, conseguimos saber, por exemplo, qual é o azeite X mais divulgado ou o arroz Y mais barato". Esta informação é depois enviada aos clientes (mais de 500 na Europa), que são muitas vezes "as próprias empresas que têm os produtos nos folhetos. Quer seja porque querem saber como está a concorrência ou porque querem controlar como é que o seu produto está a ser apresentado ou se corresponde à quota de mercado". Também as empresas de distribuição requerem este serviço para "analisar os folhetos da concorrência: quantas páginas usam, quantos produtos por página, diversidade e preço médio". Só este ano, a base de dados permite aceder a mais de 700 mil produtos auditados em mais de 90 mil folhetos enviados. Diariamente são introduzidas na base mais quatro mil novas referências.

A Solodigital tem actualmente cerca de 200 colaboradores a enviar folhetos, mas nem todos os folhetos servem. "Depende da área de residência de pessoa, do tipo de supermercado que tem à porta de casa e de se o folheto é exclusivo para aquele local", esclarece o gerente. Ou seja, exemplifica: "um folheto do Continente, facilmente acessível, não é tão importante como um folheto do Intermarché, cuja lógica de grupo os faz ter folhetos exclusivos para cada loja, logo impossíveis de conseguir senão por alguém da zona". A Makro não interessa. Leclerc, Intermarché, Rádio Popular, Media Markt, Modelo, etc, já são considerados relevantes. Mas também os candidatos a enviar folhetos são criteriosamente escolhidos. A preferência é dada a casais com filhos. "Enviar folhetos não garante um rendimento que permita viver só disto. Mas é uma ajuda. Por isso, aconselhamos as pessoas a abrirem uma conta no nome dos filhos e a ensinarem-lhes a importância do dinheiro. Pode ser didático", assegura Adriano Ribeiro. "E ao fim do ano podem comprar-lhes um presente ou outra coisa de que realmente necessitem. Casais com filhos são a nossa preferência", insiste.

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