segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Viseu vestiu-se de Laranja


Rangel e Ruas ajudam a líder na resposta a Manuel Alegre


Manuela Ferreira Leite concluiu ontem o seu melhor dia de campanha. Em Viseu, onde conseguiu ter mais público, a líder do PSD entrou em comparações com Sócrates. Um primeiro-ministro moderno contra uma conservadora que quer justiça social, afiançou.


A reacção, virulenta, do PSD às críticas de Manuel Alegre marcou o dia de campanha de Ferreira Leite no "cavaquistão", onde teve uma recepção apoteótica e granjeou o primeiro banho de multidão desta campanha. A tarde de sol e o facto de ser um domingo, vésperas de feriado em Viseu, congregaram bastantes apoiantes que esperaram pela líder, muitos com bandeiras do PSD de 1991, quando Cavaco Silva ganhou a segunda maioria absoluta e Viseu recebeu o título de "cavaquistão".
A chegada da líder social-democrata a Viseu aconteceu pela Feira de S. Mateus onde Fernando Ruas, figura grada do PSD no distrito e apoiante de Passos Coelho no congresso que deu a vitória a Ferreira Leite, a aguardava com uma embaixada de autarcas.
No "cavaquistão" , Manuela Ferreira Leite passeou pela feira e foi envolvida numa grande multidão. O distrito é social-democrata e em Viseu "é Ruas quem manda" gritavam os Jotas. Logo ali ouviram-se as primeiras reacções ao discurso de Manuel Alegre, em Coimbra, pela voz de Fernando Seara, oriundo do distrito. "Em Sintra, não há asfixia social" garantiu o autarca. E lembrou que é um "exemplo", e que "não admite contestação, nem de uma figura média, nem por um grande português, como o dr. Alegre".
Na volta e perante a estupefacção de quem aproveitava o Domingo e via tanto aparato a resposta chegava pronta: ""é a nossa líder". Na feira ainda haveria tempo para romper o unanimismo. "Asfixia democrática? Venham ao Couto de Cima", gritou um feirante de artesanato. Mais à frente haveria ainda tempo para uma troca de insultos quando um anónimo gritou "vai trabalhar que é do que precisas". Alguém da comitiva não gostou e só a pronta intervenção dos Jotas conseguiram serenar os ânimos.
Depois de um descanso num dos hotéis cinco estrelas da cidade Ferreira leite chegou à Aula Magna do Instituto Politécnico retemperada e pronta para ouvir as criticas a Manuel Alegre. Fernando Ruas deu o mote: "o primeiro-ministro devia fazer uma incursão ao passado e ao pântano, que só lhe ficava bem porque pântanos são coisas de ministro do ambiente". E de seguida lembrou Manuel Alegre. "Já era poeta mas não leu as poesias todas quando diz que o cravo vermelho é que distingue o PS do PSD", afirmou. E concluiu de forma desabrida: "não leu um poema que diz Cravo vermelho na lapela a todos fica bem mas dá jeito a certos filhos da mãe". E de seguida entrou em cena a nova estrela do PSD com um renovar de críticas a Manuel Alegre." O PS é cúmplice da claustrofobia porque abate a TVI e quer abater o Público", acusou Paulo Rangel. "Vemos hoje um PS de duas caras, um PS de Sócrates que tem medo do Bloco que tudo nacionaliza mas que no Parlamento aprovou, sem necessidade, uma lei das nacionalizações". E acusou "Alegre e Soares, que de forma vaidosa vem em defesa vaidosa das liberdades e estão agora ao lado de Sócrates mas depois criticam-no nos jornais". E desafiou os históricos socialistas a optarem. "Se acham que errou tanto e estão ao seu lado então são hipócritas".
Já Ferreira Leite considerou a asfixia social "uma graça socialista vinda de quem humilhou os professores, juízes e militares".
O tema já havia feito caminho em Lamego, onde a líder social-democrata começou o dia, onde afirmou que "asfixia social provocou o Governo ao atacar as classes profissionais". Aqui Manuela Ferreira Leite considerou que o sector vitivinícola "tem estado abanado" e que deveria ser objecto dos "investimentos de proximidade".
Ao final do dia, a agricultura voltou ao discurso da líder que lembrou "ser esta a primeira vez onde um titular da pasta da agricultura está mais preocupado em liquidar um sector que tem que ser apoiado". E retomou a asfixia democrática ao referir que "existe um clima de medo que impede o país de falar".


Por: Amadeu Araújo in "DN"

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