Grande parte das vítimas tem vergonha de denunciar. Dados do primeiro semestre do ano revelam que a GNR recebeu 61 queixas por burla. Mas o período mais grave, o do Verão, ainda não está contabilizado
Nos primeiros seis meses do ano, a GNR recebeu 61 queixas por burla, uma média de dez casos por mês. Os idosos são os mais afectados, mas ainda há muitas vítimas que não se queixam por vergonha de terem sido enganadas. O sistema de queixa electrónica, implementado no ano passado, veio ajudar a quebrar esta tendência.
Nos primeiros seis meses do ano, a GNR recebeu 61 queixas por burla, uma média de dez casos por mês. Os idosos são os mais afectados, mas ainda há muitas vítimas que não se queixam por vergonha de terem sido enganadas. O sistema de queixa electrónica, implementado no ano passado, veio ajudar a quebrar esta tendência.
Os dados relativos ao primeiro semestre apontam para menos oito casos que em igual período do ano passado. Mas é no Verão que este tipo de crime aumenta, pelo que é prematuro dizer que as campanhas de sensibilização da GNR já surtiram efeito. É que, no total do ano passado, foram apresentadas 188 queixas por burla, a maior parte no segundo semestre do ano.
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna, a burla, o furto e o roubo são os crimes que mais preocupam os operacionais da GNR em zonas isoladas, longe dos centros urbanos, e maioritariamente habitadas pelos idosos. Por isso, só no ano passado, foram distribuídos 200 mil folhetos de sensibilização.
"Algumas pessoas não se queixam por vergonha ou mesmo pelo montante da burla em causa. O sistema de queixa electrónica veio permitir que muitas pessoas se queixem, porque não é necessário dar a cara perante um polícia", constata o major Afonso, da Direcção de Operações da GNR.
No primeiro ano de implementação do sistema de queixa electrónica, a maior parte das 1249 denúncias feitas pela internet referia-se a casos de burla, segundo o relatório de Segurança Interna.
De acordo com o perfil traçado pela GNR, a maior parte dos burlões detidos pelas autoridades tem entre os 30 e os 40 anos, ou mais de 65. Aparecem de fato e gravata, em carros topo de gama, "têm uma voz calma e afável" e são convincentes, levando as pessoas a fazer aquilo que elas querem, diz o major.
Também os pretextos que apresentam junto das vítimas são comuns. "Apresentam-se como familiares, amigos de familiares, funcionários da Segurança Social, CTT, Segurança Social, EDP, bancários, vendedores e, até, médicos", explica o major Afonso. E vêm à procura de "notas que perderam a validade e vão sair de circulação ou de cartões multibanco fora de validade". Também há quem alegue vir entregar uma encomenda a um familiar, obrigando a vítima a pagar, ou que se apresentam como familiares e pedem dinheiro. Nestes casos, os burlões têm um conhecimento prévio das vítimas.
Mais recentemente, têm aparecido casos de mulheres que colocam anúncios a oferecer serviços sexuais. Quando os clientes se encontram com elas, drogam-nos e roubam-lhes todos os bens. "São poucos os casos e podem configurar um roubo", diz ao DN o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, Paulo Flor. Também alguns anúncios de casas para férias se têm revelado falsos.
É na área da GNR que o crime de burla mais preocupa, embora a PSP também se empenhe em programas de sensibilização aos idosos.
Os distritos mais afectados pelos burlões são Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa, Santarém, Viseu e Setúbal .
Por: Sónia Simões in "DN"
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